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CAAL 2008 Juiz de Fora

Sechstes Treffen der deutschsprachigen Gemeinschaften Lateinamerikas

Sexto encuentro de las comunidades de habla alemana de América Latina

A cultura alemã no dia-a-dia dos brasileiros

Quando em 22 de abril de 1500 os Portugueses chegaram ao Brasil, aqui viviam apenas silvícolas, que os europeus passaram a denominar «Índíos». A «CULTURA» desses nativos era literalmente diferente da dos «descobridores» recém chegados. Enquanto os Portugueses eram navegadores e mercantilistas, os aborígenes eram caçadores e viviam, em liberdade plena, nas selvas. Além da caça e pesca, alimentavam-se de frutas do mato e de alguns produtos agrícolas, que cultivavam. Não eram acostumados com trabalhos metódicos e nem se deixavam escravizar ...

Assim tendo sido, os «colonizadores» foram à África; donde trouxeram negros que aqui tiveram de trabalhar como escravos. E a Escravidão Negra durou por mais de três séculos; até 13 de maio de 1888, quando a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea. A CULTURA dos africanos também era radicalmente diferente da dos Europeus ...

esta forma, o «progresso» aqui no Brasil era lento. A agricultura canavieira, a extração do PAU-BRASIL, de PEDRAS PRECIOSAS, do OURO, eram as principais atividades.

No campo – (o Brasil que já nascera dividido em «Capitanias Hereditárias» e depois as «Sesmarias») – as grandes propriedades rurais, raiz e origem do «LATIFÚNDIO», lá mandavam os «GRANDES SENHORES, a ELITE da época», enquanto o trabalho era executado por escravos, que nem direito à ESCOLA tinham ...

Àquela época, «OS FILHOS DA ‹ELITE BRASILEIRA› estudavam na Europa», notadamente na França e na Inglaterra. E assim também aprenderam a «PENSAR COMO FRANÇA E INGLATERRA ...!» (E por tabelinha, também aprenderam a não ver com bons olhos a Itália e a Alemanha (Prússia).

Em 1808, porém – fugindo dos exércitos napoleônicos – a Família Real Portuguesa, temendo o pior, veio ao Brasil, estabelecendo-se no Rio de Janeiro. Entre os «recémchegados» havia muitos jovens em «idáde casamenteira». Entre parentes não podiam casar. E aqui no RIO, havia quase só ÍNDIOS e NEGROS ...! De um modo geral, a cidade deixava muito a desejar ...

Foi então que o Novo Governo apelou à Imigração de Colonos Europeus, que não podiam ser de países, que já tivessem colônias em continente americano. (Portugal, França, Espanha, Holanda e Inglaterra estavam descartados.) Apelaram para «Colonos Alemães», que deveriam «Branquear a Raça». Alemães e Suíços-Alemães formaram o primeiro contingente de imigrantes, que desembarcou no Rio de Janeiro.

Bem logo passaram a se destacar pelo seu trabalho organizado, metódico e ordeiro, na «Nova Pátria». E impressionaram muito bem os Governantes. Os «namoros e casamentos» passaram a acontecer. Até D. PEDRO I – em primeiras núpcias – desposou uma soberana da Realeza Austríaca, Maria Leopoldina von Habsburg. (En segundas núpcias, uma vez mais recorreu à Nobreza Austríaca, desposando Amália von Leuchtenberg ...) «São LEOPOLDO é uma homenagem à Imperatriz Maria LEOPOLDINA».

Se os COLONOS ALEMÃES, no Rio de Janeiro, impressionaram muito bem às Autoridades Imperiais – e interessados em «ocupar e guarnecer o sul do país» – mais uma vez recorreram a Imigrantes Alemães – «COLONOS E SOLDADOS» – para virem ao sul, a fim de: a) guarnecer fronteiras, b) produzir alimentos, c) fundar cidades. Muitos desses soldados formaram a «Guarda Pessoal do Imperador».

Em 25 de Julho de 1824, desembarcaram os primeiros Imigrantes Alemães em São Leopoldo. Pouco tempo depois, outros fixaram-se em São Pedro de Alcântara, perto de Florianópolis, Santa Catarina. Foi em São Leopoldo que oficialmente iniciou a História da Imigração Alemã no Brasil.

Ainda é interessante mencionar que – ao longo de alguns séculos – a «PRÚSSIA» abrigava em suas fronteiras «A NATA INTELECTUAL E PENSANTE DO MUNDO ...!» Fugidos das perseguições religiosas, encontravam abrigo na PRÚSSIA, que era um país mais liberal.

Com a «Unificação da Alemanha, sob Otto von Bismark, em 1871», passou-se a dar especial atenção e ênfase à EDUCAÇÃO, CULTURA, PESQUISA e TECNOLOGIA naquele país. Os nossos antepassados – mesmo tendo sido os «BÓIAS FRIAS, SEM TERRA e SEM TETO» daquela época, vítimas que foram da Revolução Industrial ...» – trouxeram uma CULTURA, que – se não era MUITO SUPERIOR à daqui – pelo menos «ERA MUIT0 DIFERENTE ...!»

Segundo os Historiadores, os Imigrantes Alemães eram os melhor organizados, e, em cada grupo, que deixava a Alemanha, nunca podia faltar o «Herr Schulmeister» (Senhor Mestre-Escola), ou a «Frau Schulmeisterin» (Senhora Mestra-Escola). Os Imigrantes Italianos, anos mais tarde, nunca dispensavam a companhia dum «Padre ...!»

Os Imigrantes Alemães prezavam muito a ESCOLA e os DOCENTES, que aqui existiam efetivamente pouquíssimas, nos «centros maiores da época ...!» (Escravos negros e índios não precisavam de ESCOLA ...) Então os PIONEIROS puseram mãos à obra e, às próprias custas, com enormes sacrifícios, providenciaram ESCOLAS para os seus filhos, bem como os docentes. Dá para imaginar «como eram aquelas ESCOLAS ...!» E foi com estes Imigrantes, que surgiram as «ESCOLAS COMUNITÁRIAS» (Gemeindeschulen) e as «ESCOLAS PAROQUIAIS» (as ‹Pfarrschulen›).

Acredito que foi no SETOR EDUCACIONAL – «ESCOLAS» – que os Imigrantes Alemães deram a sua grande colaboração – talvez a mais notável de todas – para a EDIFICAÇÃO DO BRASIL ...! Apesar de todos os contra-tempos, adversidades e perseguições – as mais absurdas e inomináveis – movidas contra os NIPO, ÍTALO e TEUTO-BRASILEIROS durante e após a II Guerra Mundial, esta gente aqui permaneceu e continuou apostando no BRASIL. E apesar do «Genocídio Cultural» aqui praticado, em pleno século XX, hoje – «dos 46 municípios mais alfabetizados do Brasil (com menos de 4% de analfabetos), a grande maioria deles é de Colonização Alemã ...!» O mais alfabetizado de todos é São João do Oeste, localizado no extremo-oeste de Santa Catarina, que também é o município mais bilíngüe do Brasil (97% dos habitantes de São João do Oeste são bilíngües ...)

É deveras interessante salientar que, UMA DAS CONDIÇÕES PARA QUE OS IMIGRANTES ALEMÃES VIESSEM AO BRASIL, ERA A DE QUE EM NENHUM LUGAR ONDE ESTES FOSSEM RESIDIR E TRABALHAR, HOUVESSE ESCRAVOS ...! Muitos imigrantes também tiveram os seus «NEGROS», mas como pessoas livres, é claro! Nunca como escravos. É infmmdada e ilógica aquela informação de que o Governo Imperial teria firmado uma LEI, segundo a qual os IMIGRANTES não poderiam ter escravos. Afinal, só 64 anos após a vinda daqueles PIONEIROS a escravidão foi extinta no Brasil. Observe-se e considere-se este detalhe importante: «Os Alemães não admitiam a escravidão, nem admitiam ter escravos ...!»

Mas se a ESCOLA (Schule) era tão importante, bem como os(as) PROFESSORES(AS) = o «HERR SCHULMEISTER» e a «FRAU SCHULMEISTERIN» eram muito valorizados, não é difícil de entender que os diferentes setores da atividade cultural também florescessem. Assim, o TRABALHO METÓDICO E ORGANIZADO, as CASAS ENXAIMEL (= Fachwerkhãuser), que hoje são atrativos turísticos em muitas regiões brasileiras; as casas com cozinhas grandes; casas com flores nas sacadas das janelas; jardins em frente as casas; hortas com variedades de hortaliças; pomares com variedades de árvores frutíferas; construções adequadas para guardar produtos colhidos; cercados para os animais, «próximos às moradias ...»

No campo sócio-cultural, notamos: «AS SOCIEDADES ORGANIZADAS, os CLUBES DE GINÃSTICA e de TIRO; o apego às ESCOLAS, à ALFABETIZAÇÃO, às BIBLIOTECAS. As COOPERATIYAS, a valorização e a UNIÃO DA FAMÍLIA, a SOLIDARIEDADE ENTRE AS PESSOAS, a «FÉ CRISTû (A vinda de Cristãos não Católicos, mas Evangélicos ...)

Também foram eles, que trouxeram ao Brasil o CANTO CORAL, a MÚSICA ALEGRE (Bandinhas). Os Bailes de RAINHA e de REI, o KERB e outras festas populares. Mais recentemente também surgiram as «OKTOBERFEST». (A primeira OKTOBERFEST comemorada no Brasil, foi na década de 70, em Linha Becker, Itapiranga, Santa Catarina.)

O enfeitado PINHEIRINHO DE NATAL (Weihnachtsbaum), o PRESÉPIO e a COROA DE ADVENTO, as BOLACHAS PINTADAS, o «Weihnachtsmann» e o «Christkind» igualmente são caraterísticos na Cultura Alemã. Os ninhos feitos com flores, onde o «Coelhinho da Páscoa» colócará os ovos pintados, também têm com eles as suas origens ...

Na CULINÃRIA – entre outros tantos – trouxeram: a CUCA, a LNGÜIÇA (Bockwurst), o WAFFEL, a TORTA, as GELÉIAS DE FRUTAS, as FRUTAS CRISTALIZADAS (pomeranos); o QUEIJO-DE-PORCO, as MORCELAS (morcilhas), o SALAME COZIDO (Spritzwurst), o CHUCRUTE (Sauerkraut) – a alface temperada doce ... A KÄSSCHMIER e o «STINKKÄSE ...!» No «Churrasco Gaúcho» = ESPETO CORRIDO, ou RODÍSIO – a lingüicinha é a contribuição dos Alemães; o GALETO, dos Italianos.

Os Alemães também trouxeram o JOGO DO BOLÃO, o BOLÃOZINHO, o ATLETISMO, diversas modalidades esportivas com BOLA, NATAÇÃO, muitos tipos de CARTEADOS, o AREMESSO DA LANÇA e outras mais.

Os Grupos Folclóricos, que hoje se multiplicam pelo Brasil afora, também constituem uma característica daquela CULTURA. Aliás, a própria palavra «FOLCLORE» tem sua origem na Língua Alemã: «VOLKSLEHRE», que significa: «CONHECIMENTO, CULTURA POPULAR».

Já a tradicional «Pünktlichkeit» (Pontualidade) e o caraterístico «Wort ist Wort» (Palavra dada é cumprida a qualquer custo ...) estão desbotando cá entre nós ...

Entre os tantos aspectos duma CULTURA, o mais importante de todos é inquestionávelmente a «LÍNGUA», pois é através dela que tudo nos é repassado. Alguém dirá: «Ah, e as TRADUÇÕES ...!?» É claro que as traduções são importantes, mas por mais bem feita uma tradução, ela nunca diz exatamente aquilo, que se diz no original. Toda LÍNGUA tem as suas características culturais e particularidades, que nas traduções nunca ficam com o mesmo SABOR ORIGINAL. Pode-se traduzir a IMAGEM, mas nunca o COLDRIDO ...!

E para quem for pesquisar a fundo a HISTÓRIA DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ no Brasil, precisará, obrigatoriamente, se valer da Língua Alemã, pois foi nela que tudo inicialmente foi registrado. Aqui também é importante lembrar o que disse o Revmo. Pe. Aldino da Rosa – um cidadão negro – Pároco em Pérola do Oeste, Paraná, Brasil: «A Língua Alemã é muito rica em CULTURA, e a CULTURA é uma RIQUEZA, que não se deve perder ...! Os descendentes de Alemães devem se orgulhar dessa CULTURA, que herdaram dos seus antepassados».

Já o renomado jornalista gaúcho, Flávio Alcaraz Gomes, disse e escreveu certa vez, com muita propriedade: «Se não tivesse havido aquela estúpida perseguição aos Teuto e Ítalo-Brasileiros, nos tempos da II Guerra Mundial – um verdadeiro GENOCÍDIO CULTURAL – o sul do Brasil poderia hoje ser oficialmente ‹Tri-Lingüe› ...!» E para quem sabe da importância do ‹PLURILINGÜISMO NO MUNDO DE HOJE›, entende o quanto os brasileiros estão perdendo com isto, ou por outras: o quando estão DEIXAND0 DE GANHAR ...!

Mas as contribuições dos alemães vão adiente. (A cerveja, o Bitter, o chopp, o Steinhäger e outros tantos também fazem parte ...) No dia-a-dia nós nos deparamos com MARCAS RENOMADAS, que – mesmo de origem alemã – designam produtos brasileiros: Vejamos alguns: «RENNER», «KILLING», «HERlNG», «KAISER», «MEYER», «HERMANN , «LINDNER», KEPLER-WEBER», «HORN», «FISCHER», «MARQUART», «KAPPESBERG», «NEUGEBAUER», «BERGER», «BAUER», LOGEMANN», «GERDAU», «PFÜTZENREITER», «ROTERMUND», «SCHNEIDER», «VOGEL», «DREHER» etc.

O mais importante de tudo, porém, são as PESSOAS – as «HUMANAS CRlATURAS ...!» Apesar de todas as adversidades e sacrifícios dos primeiros tempos – e para muitos até hoje ... – tivemos e continuamos tendo descendentes de lmigrantes Alemães em todos os segmentos da Sociedade Brasileira – desde o mais humilde trabalhador braçal, até a Presidência da República, que já foi ocupada por um filho de Imigrantes: ERNESTO GEISEL. E todos se orgulham do Brasil e o Brasil se orgulha deles. (Em Santa Catarina, tivemos NOVE (9) Governadores, descendentes de alemães: Lauro Müller, Filipe Schmidt, Adolfo Konder, lrineu Bornhausen, Heriberto Hülse, Jorge Konder Bornhausen, Antônio Carlos Konder Reis, Casildo João Maldaner e Wilson Pedro Kleinübing.

É muito comum encontrarmos no sul do Brasil – e noutras regiões também – ruas, praças, escolas, rodovias com nomes alemães, sem falar em MUNICÍPIOS. E quanto aos topônimos – apesar da «limpeza» efetuada nos tempos do ‹Estado Novo›, em Santa Catarina, são 14 estes municípios: Agrolândia, Alfredo Wagner, Blumenau, Dona Emma, Fraiburgo, Lauro Müller, Luzerna, Petrolândia, Pomerode, Romelândia, São Ludgero, Schröder, «Treze Tílias» (= Dreizehnlinden) e Witmarsum.

No Rio Grande do Sul são 12: Alpestre, Condor, Frederico Westphalen, Morro Reuter, Nova Harz, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Selbach, Teutônia, Tio Hugo, Vitor Greef e Westfália.

No Paraná temos: Cafelândia do Oeste, Clevelândia, Matelândia, Mercedes, Ramilândia, Rolândia, Itaipulândia. Em outros Estados também há municípios com nomes alemães, mas são raros. E nunca se pode esquecer: «milhares de sobrenomes alemães identificam – CIDADÃOS e CIDADÃS do Brasil. E é correto e justo – una Questão de Honra e de Identidade Cultural, ‹ESCREVER E PRONUNCIAR CORRETAMENTE estes nomes› ...».

Prof. Altair Reinehr

Lingüista e Membro da Associação Nacional de Pesquisadores da História das Commidades Teuto-Brasileiras

Rua Santa Catarina, 120, 89874-000, Maravilha-SC, Brasil

reinehr-prof.altair@hotmail.com